"Hoje, os jogadores, os juízes e os bandeirinhas se parecem entre si como soldados de chumbo. Não encontramos, em ninguém, uma dessemelhança forte, cespa e taxativa. Não há um craque, um árbitro ou um bandeirinha que se imponha como símbolo humano definitivo. Outrora havia o "juíz ladrão". E hoje? Hoje, os juízes são de uma chata, monótona e alvar honestidade. [...] A virtude pode ser muito bonita, mas exala um tédio homicida e , além disso, causa úlceras mortais. Não acredito em honestidade sem acidez, sem dieta e sem úlcera. [...] Vejam vocês que coisa melancólica e deprimente: - um jogo de futebol tem 22 homens. Com o juíz e os bandeirinhas, 25. Acrescentem-se os gandulas e já teremos um total de 29! Vinte e nove homens e nem um único e escasso canalha, nem um único e escasso vigarista! Eis a verdade, que levaria um Balzac ao desespero e à úlcera: as condições do futebol conteporâneo tornam impraticável a existência do canalha. Ou por outra: - o canalha pode existir, mas contido, frustrado, inédito, sem função e sem destino."
Trecho do livro O berro impresso nas manchetes, do genial Nelson Rodrigues.
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Futebol ?
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